Unfathomable
(Tony
Fanchi, Corey Konieczka, 2021)
[a pandemia não acabou, se cuide]
Unfathomable é a reimplementação do clássico Battlestar
Galactica de 2008, que também é do Konieczka. Hoje eu sou um euro-gamer com
coração de pedra, mas houve uma época na qual Battlestar era o meu jogo
favorito, jogava-o semanalmente.
É um jogo temático que gira em torno da mecânica do traidor.
No início da partida você ganha uma carta de lealdade, humano ou híbrido. Na
metade da partida compra outra carta desta. Se pelo menos uma for de híbrido
você quer o fim dos humanos. Você poderá se revelar e fazer isso abertamente
ou, o que é mais legal, fazer por debaixo dos panos, instigando a desconfiança
e as falsas acusações. Isso pode ser feito pois no final de cada rodada uma
carta de mito é revelada. Ela pode pedir um teste no qual os jogadores poderão contribuir
(ou atrapalhar) secretamente com cartas, além de ter duas cartas aleatórias. Os
humanos perdem se os 6 espaços internos do barco forem danificados, se acabar
totalmente com um dos 4 recursos (combustível, comida, sanidade ou “almas”) ou
ainda se todos os monstros entrarem no tabuleiro. Os humanos vencem se
conseguirem chegar em Boston (o que é particularmente longo se o capitão do
navio for um híbrido).
Mas o que Unfathomable trás de novo?
A principal mudança ao meu ver é a forma como os monstros
entram no tabuleiro. Em BSG havia umas cartas de crise (agora mito) que
preparavam um combate inserindo um monte de naves. Além disso havia uma trilha
de salto, quando este ocorria os humanos ficavam mais perto do seu destino e
todas as naves iam embora. Eu nunca gostei desta dinâmica. Ela poderia fazer
com que duas cartas de combate aparecessem quando a trilha de salto estivesse
no início, proporcionando uma situação escabrosa para os humanos. Mas se eles
tivessem sorte, poderia ocorrer dos combates aparecessem logo antes do salto,
fazendo com que o jogo fique um marasmo. Unfathomable resolve isso. Toda carta
de mito tem uma movimentação de um dos 3 tipos de monstros (tem dois únicos
grandões e uma penca de pequenos). Se o monstro ativado estiver no tabuleiro
ele ataca, se não estiver prepara ou ativa a entrada dele na parte da frente da
embarcação. Além disso, quando há um avanço na trilha de “salto” todos os
bichos que estiverem na água são deslocados no sentido do fim do navio. Se
ocorrer 4 vezes, eles saem do tabuleiro. Assim, temos tensão quase
permanentemente na dose certa.

Outra modificação importante é a forma com o traidor
declarado joga. Em BSG ele tinha quatro opções de ação que ficavam à parte da
nave principal. Em Unfathomable ele permanece no navio, a interação entre ele e
os demais jogadores é intensa e bem mais interessante. O jogo também ficou mais
interessante para o traidor escondido, pois há formas de você se “preparar para
o futuro”, pegando equipamentos, por exemplo. Desta forma, é possível ficar
agindo sem ajudar os humanos sem evidenciar as suas intenções.
Tem outras mudanças de menor impacto, como a substituição
das bombas nucleares por um trilha de ritual de banimento e maior assimetria e
a não divisão dos personagens em classes, gostei de todas.
Como você deve ter notado, para mim Unfathomable é bem
melhor que Battlestar Galactica, mesmo considerando todas as expansões. O jogo
só evoluiu. A única coisa que eu gosto mais em BSG é o tema, adoro a série, mas
isso para mim não está perto de ser suficiente. Eu tive uma boa partida de
Unfathomable, muitas acusações, prisões e intrigas. Achei que foi longa demais,
mas me diverti e repetiria. Se você gosta de BSG e de jogos centrados no
traidor, super recomendo Unfathomable para você.
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