quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Embarcadero e a 3ª dimensão

 

Embarcadero

(Adam Buckingham, Ed Marriott,2021)

[a pandemia não acabou, se cuida]

Estamos na São Francisco do século XIX. A corrida do ouro está a todo vapor, fazendo com que uma imensidade de barcos procure a cidade e acabem sendo abandonados por conta de suas tripulações irem para a procura do valioso metal. Nós somos empresários do peculiar mercado imobiliário que se forma no porto. Os barcos ali deixados servem de fundação para prédios, formando o bairro de Embarcadero.



Trata-se de um euro médio-pesado, baseado na gestão de mão e controle de área. Temos 3 eras, em cada uma jogadores 5 vezes. Começamos com 5 cartas na mão, todo turno compraremos uma carta do mercado, jogaremos uma carta da nossa mão e descartaremos uma carta, que fará parte da nossa mão na era seguinte. As cartas jogadas têm dois possíveis efeitos, um por construí-la e outro por descartada. Os efeitos podem ser gerar recursos, pontos no final da partida, construção de “barcos-laje” ou de edificações. Disputaremos o controle pelos píeres, montaremos máquinas de pontos com os prédios e perseguiremos os objetivos de final de era.

Achei Embarcadero um jogo interessante, em especial na sua gestão de mão. O controle de área, me gerou grande expectativa e eu me frustrei. Acho que ela proporciona uma excelente presença de mesa, mas a trimendicionalidade me pareceu um tanto subaproveitada. Acho que é um jogo que vale conhecer, mas não me apaixonei.



Eu fico muito atraído por jogos que trazem mecânicas em três dimensões, como Taluva, Santorini ou Burano. Qual seu jogo com esse aspecto te atrai?

 

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domingo, 24 de outubro de 2021

Ark Nova e os motores com muitas peças

 

Ark Nova 

(Mathias Wigge, 2021)

[a pandemia não acabou, se cuida]

Somos administradores de um zoológico. Queremos ter as melhores atrações, para assim arrecadar mais dinheiro, mas também ter os melhores programas científicos e de preservação.

 


Trata-se de um euro médio-pesado, suas principais mecânicas são a seleção de ações e a construção de motor. O ponto forte para mim é a seleção de ações. São cinco ações possíveis, para cada uma, o jogador terá uma carta. O tabuleiro pessoal mostra a força da ação. Ao utilizar uma carta, você deverá enviá-la para o espaço mais a esquerda (1) e mover das demais para a direita. É simples e interessante. Ao longo do jogo você poderá virar algumas dessas cartar, melhorando as ações. Os efeitos das cartas são:

- Comprar cartas;

- Baixar cartas de animal / de patrocinadores.

- Construir jaulas, que permite que você baixe animais futuramente, mas pode ter efeitos imediatos de acordo com os símbolos cobertos.

- Ativar trabalhadores para efeitos diversos, entre eles cumprir alguns dos objetivos públicos.

Outro ponto interessante é a pontuação final. Ela lembra a do Rajas of Ganges. Você tem duas trilhas que progridem no sentido oposto. Umas delas, atratividade, é a que marca a sua renda em dinheiro. A outra, sustentabilidade, tem uns efeitos específicos ao chegar em determinados pontos. Seu objetivo é que seus marcadores nessas trilhas se cruzem e se distanciem o máximo possível.



O ponto baixo para mim é a construção de motor. Você construirá se jogo tentando se especializar em animais de determinado tipo ou proveniência. Contudo, temos um baralho de 200 cartas. Nada garante a boa distribuição dos símbolos que você está procurando. Tem alguma mitigação com as cartas abertas, mas ela nem chega perto de resolver esse problema. Essa dinâmica negativa também afeta o cumprimento dos objetivos públicos. Outra característica que pode não agradar é a baixa interação.


Eu me diverti, mas não quero jogar novamente. Essa procura ultra aleatória pelos símbolos realmente não me agradou. Mas tenha certeza de que essa minha opinião é bem minoritária. Tem outros jogos com a mesma característica que eu não gosto pelo mesmo motivo e que fazem muito sucesso como o Terraforming Mars, Underwater Cities, Wingspan ou Deus. O único jogo com essa mecânica que eu gosto é Race for the Galaxy. Nele as cartas acumuladas também podem ser descartadas como um recurso. Esse segundo uso para as cartas faz falta em Ark Nova, na minha opinião. Mas se você gosta dessa mecânica, esse jogo pode ser para você.

 

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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Messina 1347 e a outra pandemia.

 

Messina 1347 

(Raúl Fernández AparicioVladimír Suchý, 2021)

[a pandemia não acabou, se cuida]

Estamos na Itália do século XIV e a Peste Negra chegou. Somos famílias ricas e por isso poderemos nos refugiar nas nossas propriedades no campo, mas não pararemos por aí. Iremos resgatar pessoas, ajudar a combater a epidemia e organizar a repovoação de Messina. Achei meio esquisito fazer um jogo sobre pandemia no meio de uma. Creio que possa causar algum gatilho em quem teve perdas ou algum outro episódio traumático. Desconsiderando isso, achei o tema bem implementado.

No ponto de vistas das mecânicas, é um euro médio-pesado baseado na alocação de trabalhadores e na construção de motor. O elemento que eu mais gostei foi a alocação de trabalhadores. Temos uma cidade construída modularmente a partir de hexágonos, que representam prédios. Na 1ª rodada os jogadores alternativamente colocarão seus trabalhadores em espaços vazios e ativá-los. Nas rodadas seguintes, primeiro se deita todos os trabalhadores. A ativação do trabalhador consiste em levantá-lo e movê-lo para uma casa que não tenha nenhum meeple em pé. O primeiro movimento é gratuito, mas a partir daí é preciso pagar. Além do efeito da ação em si, o hexágono poderá ter recebido no início do turno cubos que representam a praga e pessoas a serem resgatadas. Você poderá ainda abrir mão da ação do prédio e utilizar as pessoas resgatadas para repovoá-lo, o que geralmente ocorre na parte final do jogo. Achei toda a dinâmica da cidade bem orgânica e instigante. 

A construção de motor também é bem interessante. Ela se dá por meio da edificação de prédios, da alocação da pessoas resgatadas nos prédios e na sua propriedade, do acionamento de capatazes que fazem com que as pessoas na propriedade trabalhem e no avanço em 3 trilhas (sanitária, política e religiosa).


Eu gostei de Messina. Acho que ficou ao lado de Praga e Shipyard como um dos jogos favoritos do Suchý. Recomendo para que gosta de eurão, desde que não fique incomodado com o tema. Você ficaria?

 

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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Ti piacerà Golem?

 

Golem

(Flaminia BrasiniVirginio GigliSimone Luciani, 2021)

[Vacinas salvam vidas]

Estamos na Praga do século XVI, somos rabinos construtores de golens. Precisaremos construir essas criaturas, recolher livros antigos e confeccionar artefatos, além de garantir que nossos ajudantes impeçam que os golens destruam a cidade.


Trata-se de um euro bem característico da escola italiana. A mecânica principal é a construção de motor que é feito pela seleção de ações. É um jogo curto. São 4 turnos, em cada um deles você fará 3 ações, assim cada decisão tem muito impacto. 2 das ações do turno são determinadas pela escolha de uma das bolas deste mecanismo. São quatro ações distintas e um coringa. Quanto mais bolas, mais poderosa será a ação. A dinâmica é semelhante do Grand Austria Hotel, dos mesmos autores. A 3ª ação é feita por meio de um trabalhador sobre os espaços à direita. Você precisará maximizar os efeitos nas 3 “linhas de desenvolvimento” do jogo (golens, livros e artefatos), além de trabalhar as sinergias entre essas linhas. Parece-me que a estratégia vencedora passa por se aprofundar em duas delas e esquecer a 3ª, mas pode ser só impressão de 1ª partida.


Tem ainda uma dinâmica que me chamou a atenção. Existem 3 trilhas nas quais seus assistentes e golens andam sobre. Os assistentes geram receita de acordo com a posição, enquanto os golens possibilitam certas ações. Contudo, no final da rodada, o golem estiver na frente do assistente, você precisará pagar recursos ou perder pontos.



Eu gostei de Golem. É um quebra cabeça cheio de peças e de difícil domínio. Acho que justifica o destaque que tem ganhado. Quem se importa muito com tema talvez fique incomodado, mas se você gosta de Lorenzo, Grand Austria Hotel, Barrage ou Coimbra esse jogo deve lhe agradar. Qual o seu jogo da escola italiana favorito?  

 

 

 

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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Unfathomable é melhor que Battlestar Galactica?

 

Unfathomable

(Tony Fanchi, Corey Konieczka, 2021)

[a pandemia não acabou, se cuide]

 

Unfathomable é a reimplementação do clássico Battlestar Galactica de 2008, que também é do Konieczka. Hoje eu sou um euro-gamer com coração de pedra, mas houve uma época na qual Battlestar era o meu jogo favorito, jogava-o semanalmente. 

 

É um jogo temático que gira em torno da mecânica do traidor. No início da partida você ganha uma carta de lealdade, humano ou híbrido. Na metade da partida compra outra carta desta. Se pelo menos uma for de híbrido você quer o fim dos humanos. Você poderá se revelar e fazer isso abertamente ou, o que é mais legal, fazer por debaixo dos panos, instigando a desconfiança e as falsas acusações. Isso pode ser feito pois no final de cada rodada uma carta de mito é revelada. Ela pode pedir um teste no qual os jogadores poderão contribuir (ou atrapalhar) secretamente com cartas, além de ter duas cartas aleatórias. Os humanos perdem se os 6 espaços internos do barco forem danificados, se acabar totalmente com um dos 4 recursos (combustível, comida, sanidade ou “almas”) ou ainda se todos os monstros entrarem no tabuleiro. Os humanos vencem se conseguirem chegar em Boston (o que é particularmente longo se o capitão do navio for um híbrido).

 

Mas o que Unfathomable trás de novo?

A principal mudança ao meu ver é a forma como os monstros entram no tabuleiro. Em BSG havia umas cartas de crise (agora mito) que preparavam um combate inserindo um monte de naves. Além disso havia uma trilha de salto, quando este ocorria os humanos ficavam mais perto do seu destino e todas as naves iam embora. Eu nunca gostei desta dinâmica. Ela poderia fazer com que duas cartas de combate aparecessem quando a trilha de salto estivesse no início, proporcionando uma situação escabrosa para os humanos. Mas se eles tivessem sorte, poderia ocorrer dos combates aparecessem logo antes do salto, fazendo com que o jogo fique um marasmo. Unfathomable resolve isso. Toda carta de mito tem uma movimentação de um dos 3 tipos de monstros (tem dois únicos grandões e uma penca de pequenos). Se o monstro ativado estiver no tabuleiro ele ataca, se não estiver prepara ou ativa a entrada dele na parte da frente da embarcação. Além disso, quando há um avanço na trilha de “salto” todos os bichos que estiverem na água são deslocados no sentido do fim do navio. Se ocorrer 4 vezes, eles saem do tabuleiro. Assim, temos tensão quase permanentemente na dose certa.

 


Outra modificação importante é a forma com o traidor declarado joga. Em BSG ele tinha quatro opções de ação que ficavam à parte da nave principal. Em Unfathomable ele permanece no navio, a interação entre ele e os demais jogadores é intensa e bem mais interessante. O jogo também ficou mais interessante para o traidor escondido, pois há formas de você se “preparar para o futuro”, pegando equipamentos, por exemplo. Desta forma, é possível ficar agindo sem ajudar os humanos sem evidenciar as suas intenções.

 

Tem outras mudanças de menor impacto, como a substituição das bombas nucleares por um trilha de ritual de banimento e maior assimetria e a não divisão dos personagens em classes, gostei de todas.

 


Como você deve ter notado, para mim Unfathomable é bem melhor que Battlestar Galactica, mesmo considerando todas as expansões. O jogo só evoluiu. A única coisa que eu gosto mais em BSG é o tema, adoro a série, mas isso para mim não está perto de ser suficiente. Eu tive uma boa partida de Unfathomable, muitas acusações, prisões e intrigas. Achei que foi longa demais, mas me diverti e repetiria. Se você gosta de BSG e de jogos centrados no traidor, super recomendo Unfathomable para você.


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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Afie a sua mente com Shogun no Katana

 

Shogun no Katana

(P.S. Martensen, Federico Randazzo, 2022)

[a pandemia não acabou, se cuide]

Estamos no Japão feudal, somos produtores de katanas. Precisaremos recolher materiais, acertar contratos com os clãs guerreiros, produzir katanas, adorná-las e em entregar nosso melhor trabalho para o Imperador. 

A primeira vista Shogun no Katana parece ser mais um euro médio de alocação de trabalhadores cheio de miniaturas bonitas, mas tem mais do que isso. No tabuleiro principal você tem 4 locais de ação. Nos clãs você pega um contrato. No mercado você paga por mercadorias. No palácio há efeitos variados mas em grande parte é mais uma forma de pegar mercadorias, mas com uma interação positiva interessante. Há um espaço para adornação, que gera dinheiro e pontos. Além dos trabalhadores normais, você poderá gastar dinheiro para recrutar até dois trabalhadores especiais, os monges, para fazer uma ação nesse turno com efeito melhorado. Até aqui nada de novo. 

A novidade neste jogo está na forja, que é uma grade 4x5. Cada linha é relacionada a um dos 4 recursos do jogo. Cada contrato tem uma sequência de materiais que devem ser usados nele em uma ordem específica. Ao receber um contrato, você deverá colocá-lo na coluna mais à esquerda e na linha correspondente ao 1º recurso demandado. Você poderá alocar um dos seus trabalhadores para atuar em todos os projetos de determinada linha ou coluna. Você poderá colocar em cada um deles o próximo material demandado. Caso o material seja o da mesma linha onde o projeto está, ele se deslocará para a direita. Se for um material distinto, ele é deslocado verticalmente para linha específica do material. Para colocar o material, o espaço para onde o projeto será deslocado tem que estar livre. Desta forma, para maximizar o efeito das suas ações é preciso pensar bem na hora de escolher os contratos para que se possa encadeá-los na sua linha de montagem. O monge permitirá que você coloque mais um recurso em um dos projetos, complicando ainda mais a máquina. 

Tem ainda a katana do Shogun. Você fará o projeto dela ao longo da partida e é muito importante de fato terminá-la pois ela dá muitos pontos diretamente e há competição por algumas características dela. 

Resumidamente, Shogun no Katana faz bem o feijão com arroz e ainda prepara um bom filé. O mecanismo da forja me ganhou. Achei bem interessante e desafiador. Gostaria que tivessem mais projetos disponíveis para que a construção da linha de montagem ficasse ainda mais elaborada. Não me apaixonei, mas recomendam que conheçam. Infelizmente, dificilmente vem para o Brasil.



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