terça-feira, 21 de novembro de 2023

Evacuation, do Suchý, e os malditos contratos

 

Evacuation (Vladimír Suchý, 2023)


A incidência solar está aumentando no nosso planeta. Em pouco tempo será impossível viver nele, precisaremos remover nossa população e fábricas para um novo. Eu gostei do tema e achei que ele foi bem implementado. 


É um euro médio-pesado, baseado na seleção de ações. O jogo possui 4 rodadas. Em cada uma delas os jogadores farão as suas ações. As primeiras ações da rodada são de graça, mas o custo (em energia) vai subindo à medida que mais ações são feitas. 


O jogo proporciona duas formas de seleção de ação. Na mais simples existem 4 espaços com 2 ou 3 ações cada. Os espaços estão associados a uma quantidade de pontos de evolução (não sei se é esse o nome) que terão efeito no final do turno. Existem ações que se repetem em espaços diferentes. Os efeitos delas podem ser: 


  • Evoluir tecnologia: que lhe dará poderes assimétricos ou efeitos imediatos únicos.
  • Construir fábrica e população no planeta novo: que permitirá colonizá-lo.
  • Colonização: utiliza população e fábricas para aumentar a sua renda de recursos no planeta novo. 
  • Construir naves: para levar a população, a fábricas e recursos do planeta velho para o novo. 
  • Construir estádios: no final da rodada 2/3/4 você tem que ter construído 1/2/3 estádios, caso contrário perderá pontos de vitória. 
  • Infraestrutura: pega uma das 3 cartas de infraestrutura abertas. Elas são uma espécie de contrato. Se você conseguir formar um padrão de colonização exposto na carta, você poderá usar uma ação de infraestrutura para baixar a carta e ganhar a renda de recursos indicada no planeta novo. 


No final do turno, quando todo mundo não puder ou quiser mais ações, os pontos de evolução de todas as suas ações serão somados. Se o resultado for exatamente um dos dois valores expostos em uma carta que foi sorteada no início da rodada, você ganhará a recompensa indicada. Além disso, você precisará avançar os seus pontos de evolução em uma trilha. Você terá dois marcadores nesta trilha e poderá dividir os pontos entre eles. Essa trilha abre mais opções de colonização no planeta novo e também possui alguns efeitos imediatos.



No final do jogo os pontos de vitória são contados tendo como base a sua renda de produtos mais baixa no planeta novo (são 3 tipos de recurso). Você perderá pontos se não tiver alimentado a população em alguma rodada, se não tiver construído os estádios exigidos ou se tiver deixado alguma coisa no planeta antigo. Há um bônus para quem construiu os melhores estádios. 


O que eu mais gostei no jogo foi o fato de termos dois “depósitos de recursos”, um em cada planeta. As ações com efeito em determinado planeta precisarão ter os insumos lá. Isso trás uma camada extra de planejamento. 


O ponto baixo na minha opinião são as cartas de infraestrutura. Você não sabe o que vem no baralho. É possível que apareça algo que você já possa construir sem ter se preparado para isso. Aliás, essa é uma característica muito comum em jogos tipicamente italianos que me desagrada bastante. 


No cômputo geral achei um jogo legal, mas nada de outro mundo. Vale conhecer, mas sem gerar expectativas. Shipyard, Praga, Messina e Woodcraft me agradaram mais. Qual o seu Suchý favorito?

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Link - Arquitetura no Brasil está com versão para imprimir e jogar disponível na Ludopédia. 


https://ludopedia.com.br/jogo/link-arquitetura-no-brasil


segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Link - Arquitetura no Brasil para imprimir e jogar

 


Link - Arquitetura no Brasil está com versão para imprimir e jogar disponível na Ludopédia. 

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Link é um jogo leve de seleção de cartas e construção de tableau. Ele pode possuir qualquer tema, o protótipo inicial é sobre o patrimônio arquitetônico brasileiro. Cada carta corresponde a uma construção feita no Brasil. Ela terá 3 características: quando foi feita, onde foi feita e que tipo de construção ela é. Além disso, ela traz um critério de pontuação de final de jogo.

domingo, 10 de setembro de 2023

Nucleum, o Barrage radioativo

 

Nucleum (Simone Luciani, Dávid Turczi, 2023)


Estamos na Saxônia no fim do século XIX. Estamos desenvolvendo as primeiras usinas termonucleares. Precisaremos minerar urânio, construir usinas e criar redes de distribuição para eletrificar prédios civis. O tema não me atraiu, mas achei que ele foi bem implementado. 


Trata-se de um euro médio-pesado baseado na seleção de ações. No seu turno você terá 3 opções:

- Usar uma peça de ação no seu tabuleiro pessoal. Neste caso você fará as duas ações da peça. 

- Usar uma peça de ação e um meeple como uma conexão no tabuleiro principal. Cada uma das ações está marcada com uma cor. Caso você consiga associar a ação a outra com a mesma cor, as duas são acionadas. Rotas completadas geram benefícios para quem participou dela. 

- Ganhar a renda e recuperar as peças que você enviou para o tabuleiro pessoal. 


As ações envolvem gerar recursos, construir elementos (tanto para geração e transmissão de energia quanto prédios civis), gerar a energia para os seus prédios e desenvolver tecnologias. Cada um terá o seu conjunto assimétrico de tecnologias a serem desenvolvidas. Gerar energia também habilita um interessante sistema de pontuação de fim de jogo.


Eu gostei bastante de Nucleum. Tem um clima parecido com o Barrage (mesmos autores) mas é menos punitivo o que me agrada. A construção de rotas e transporte de recursos e transmissão de energia lembra um pouco Brass. Super recomendo que conheçam. Certamente estará na minha lista de melhores do ano. 


Eu gostei mais de Nucleum do que Barrage, e você?  

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O Dino Escape está com nova edição e o preço abaixou.

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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Barcelona: ótima cidade, jogo idem

 

Barcelona (Dani Garcia, 2023)


Estamos na Barcelona do século XIX. Somos construtores e estamos ajudando Ildefons Cerdà, um dos fundadores do urbanismo, a construir ruas e prédios. Eu gostei muito deste tema. Gosto muito da cidade e sou urbanista. Conquistou o meu coração. Achei que o tema está bem presente em todos os elementos do jogo, mas em alguns momentos me pareceu quase um jogo abstrato. 




Trata-se de um euro entre o médio e o médio pesado, baseado na alocação de trabalhadores. No início do seu turno você alocará as duas fichas de trabalhador em um mesmo cruzamento, que deve estar vazio. Então você executará as ações que estão relacionadas às ruas do cruzamento. Na maioria das vezes são duas ações, mas há espaços que exigem pagamento e proporcionam uma terceira ação. Os efeitos são bem variados mas envolvem principalmente ganho de recursos e geração de pontos de vitória (imediatos ou de final de partida). Depois da ação, passa-se pela construção de prédios. Dependendo da quantidade e tipo de trabalhadores envolta dos quarteirões, prédios serão construídos ou melhorados, o que também gerará pontos. Trabalhadores que participam da construção do prédio são retirados da cidade e colocados em uma trilha. Essas trilhas marcam o avanço do jogo que possui 3 eras, cada uma com uma pontuação específica no final dela. Na última etapa do turno, compra-se dois trabalhadores para a próxima jogada. 


Eu gostei bastante deste jogo. Teve um ponto que eu não gostei: não há propriamente uma construção de máquina, apenas a maximização dos objetivos de final de jogo que você pegou ao longo da partida e a busca de algumas especializações. A interação é bem interessante e os elementos aleatórios tem pouco impacto. A partida é relativamente rápida para um jogo deste peso, o que para mim não é necessariamente uma vantagem, mas entendo que neste caso a duração é adequada frente às possibilidades apresentadas. A Mosaico trouxe para o Brasil, recomendo que conheçam. 


O autor, Dani Garcia, entrou definitivamente no meu radar. Ele tem mais um jogo publicado, que eu também gostei (Arborea, que já tem artigo), mas tem alguns já planejados para lançamento nos próximos anos. Vou querer conhecê-los. 



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quinta-feira, 10 de agosto de 2023

O que tiraram de Terra Mystica para fazer o Terra Nova?

 


Terra Nova (Andreas Faul, 2022)

Terra Nova é uma versão “junior” no Terra Mystica. O autor e a editora são diferentes mas é uma reimplementação simplificada. O tema continua o mesmo, raças de fantasia colonizando um continente. Várias mecânicas foram modificadas, seguem as mais significativas. 




- Tiraram os cultos e tudo que é relacionado a eles. Não tem o tabuleiro de trilha de cultos, os prédios religiosos não podem ser construídos e não há favores divinos ou sacerdotes. 

- Só há um recurso: dinheiro. 

- A comemoração foi simplificada. Ao construir ou melhorar uma construção todos os jogadores que tiverem construções adjacentes ganham uma carga por construção, independente qual construção seja. Não há perda de pontos de vitória. 




- O mapa só tem 5 cores de terreno e o jogo acaba na 5a rodada. 

- Não se pode melhorar a “taxa básica” de terraformação, custa sempre 6 moedas por pá. 

- Só existem 3 tipos de construção. Pode-se, contudo, construir 2 fortalezas, cada uma com um efeito específico. 




- Não há competição por recompensas de cidades. Cada pessoa começa com as mesmas 4 fichas que podem ser usadas só por elas. 

Terra Nova sem dúvida não é para mim. Achei muito simplório. O fato de ter só um recurso diminui em muito a necessidade de planejamento. Acredito que não irá agradar aos fãs de Terra Mystica. Porém, há sem dúvida público para ele. Quem estiver procurando uma experiência mais tranquilo, leve e nada punitiva pode gostar muito dele. 


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sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Expeditions agradará quem gosta de Scythe?

 


Expeditions (Jamey Stegmaier, 2023)


Estamos continuando a história inciada em Scythe, do mesmo autor. Agora um estranho meteoro caiu na Sibéria e nós iremos controlar expedicionários que partirão em seus mechs nesta empreitada. Eu gosto bastante do cenário steampunk desta saga, em especial as artes.  



Trata-se de um euro médio, baseado na seleção de ações e na construção de motor. Existem 3 ações possíveis: mover, jogar e recolher. No 1º turno você poderá realizar as três. Nos demais você normalmente escolherá uma ação para não fazer e realizar as demais. A ação não feita tem que ser diferente da escolhida no turno anterior. Alternativamente, você poderá passar. Com essa opção você recolherá as cartas e os trabalhadores já utilizados e poderá fazer as três ações no turno seguinte. Achei essa mecânica bem simples e interessante, ela provoca decisões interessantes. Os efeitos das ações são:



- Mover: você terá um mech que andará em um mapa hexagonal.

- Jogar: você jogará uma das cartas da sua mão. Isso lhe dará alguns recursos e a possibilidade de utilizar um trabalhador para efeitos variados. 

- Recolher: Você ativará o hexágono no qual o seu mech está. Isso poderá lhe dar recursos, cartas e trabalhadores além de ativar efeitos específicos. 



Existem 7 objetivos envolvendo normalmente a feitura de uma “tarefa” várias vezes. Quando alguém completar 4 desses objetivos aciona-se o fim do jogo. 


Eu achei Expeditions interessante. O ponto que eu mais não gostei foi a pouca interação entre os jogadores (problema que eu também identifico no Scythe). Também fiquei incomodado com a alta aleatoriedade na disponibilidade de cartas. Apesar de ser um pouco mais leve que o Scythe, acredito que Expeditions deve agradar os apreciadores da franquia. 


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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Vital se superou em Inventions?

 

Inventions: Evolution of Ideas (Vital Lacerda, 2024)


Viajaremos pela história da humanidade, mais especificamente a evolução do conhecimento e da ciência. Achei o tema interessante e acho que ele serve bem de pano de fundo para um jogo fundamentalmente abstrato. 




É um eurão médio pesado baseado na seleção de ações.Não conseguirei passar por todas as regras, segue um resumo. O jogo tem 13 rodadas em cada uma delas os jogadores escolherão uma entre 10 ações possíveis. Há um sistema bem original de seleção de ações que impõe algumas restrições e interações ao processo. Ele é simples de entender mas bem sofisticado para dominar, gostei muito. As ações assustam no início. Cada uma delas possui uma sequência de efeitos. Entre esses efeitos há a possibilidade de ocorrer reações em cadeia que lhe darão a possibilidade de fazer outras ações. Além disso, ao fazer uma ação você abrirá novas oportunidades que poderão ser aproveitadas por outros jogadores. A construção de motor é bem presente. Existem 21 tecnologias (não sei se esse é o nome) fora as peças de pontuação de final de jogo. 




Eu adorei Inventions. Preciso jogar mais, mas talvez se torne o meu jogo preferido do Lacerda. Claro que não é para todo mundo, principalmente pela quantidade de informações de possibilidades. Para quem é do nicho eu recomendo fortemente que conheça.  


O jogo só sai em 2024, mas já está disponível no tabletopia.com. Ainda não foi anunciado, mas imagino que a Mosaico traga.

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quarta-feira, 14 de junho de 2023

The Witcher (sem Henry Cavill)

 


The Witcher: Old World (Łukasz Woźniak, 2023)

Estamos (evidentemente) no mundo de Witcher, mas muitos anos antes a história de Geralt de Rivia. Somos bruxos caçadores de monstros. Precisaremos viajar pelo continente para aprimorar as nossas habilidades, matar monstros e, eventualmente, duelar com os nossos adversários. Achei o tema bem implementado, acredito que agradará os fãs da franquia.

 


Trata-se de um jogo temático com foco na construção de baralho. Vence quem chegar primeiro aos 4 pontos. Estes podem ser conseguidos ao ser o 1º a alcançar o nível máximo de cada um dos quatro atributos, matando monstros e duelando contra outros jogadores (apenas 1 ponto por jogador vencido). Seu turno consistirá de 3 etapas. Na 1ª deve-se utilizar as cartas para a movimentação no tabuleiro. Cada cidade que se passa aciona um efeito que pode ser melhorar atributos, ganhar dinheiro entre outros. Ao terminar a movimentação deve-se escolher uma ação principal entre 3 alternativas: lutar, abrir uma carta de evento ou meditar. A meditação lhe dará um ponto, mas só pode ocorrer quando você chega 1º no todo de um atributo. A carta lhe descreverá um evento e lhe dará duas opções. O resultado não é conhecido, mas pelo que eu vi é sempre neutro ou positivo. O combate é a parte mais elaborado do jogo. Você utilizará as cartas do seu baralho contra um monstro ou outro jogador sendo que as cartas que você não utilizou na movimentação serão a sua mão inicial. Na última etapa do turno você comprará 3 cartas do baralho e precisará pegar uma disponível na mesa. Algumas dessas demandarão um pagamento que deve ser feito com o descarte de cartas, o que diminuirá as suas possibilidades na próxima rodada.

 


Jogos temáticos não o meu estilo favorito, mas costumo me divertir com eles, principalmente se for a primeira partida. Com Witcher não foi diferente. Gosto do cenário e consegui emergir na experiência. Não gostei de um dos efeitos de cidade que é uma aposta de poker de dados. Trata-se apenas de jogar dados e a diferença entre vencer e perder é bem grande. Entendo que jogos deste tipo tema na aleatoriedade um elemento desejado, mas considero que aqui foi exagerado. Outro ponto negativo foi o fato de que dos meus 4 pontos 2 vieram de ter alcançado o topo de atributos. Achei isso um tanto anticlimático. Acredito que o foco deveria se dar nos combates. De uma forma geral acredito que o jogo irá agradar. Tem um monte de miniatura bonita e uma mecânica que entretêm.

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terça-feira, 6 de junho de 2023

Council of Shadows

 

O ano é O ano é 2.200. Estamos no comando de uma civilização intergalática que precisa se mostrar apta a entrar no Conselho das Sombras, que comanda todo o universo conhecido.





É um euro médio baseado na seleção de ações e na construção de motor. A seleção de ações me agradou bastante. No início da partida cada pessoa terá o mesmo baralho de ações simétrico, mas pode-se comprar novas cartas ao longo do jogo que são mais fortes que as originais. No início de cada turno deve-se simultaneamente colocar uma carta em cada um dos espaços de ação. Cada carta possui  um efeito e um custo em demanda de energia, que pode inclusive ser negativo. Existe uma trilha de consumo de energia, que começa no 20. O marcador de cada jogador deve avançar nessa trilha na mesma quantidade que o total do consumo das suas energia das cartas. Isso é muito importante pois o objetivo do jogo é fazer com que o seu marcador de energia gerada alcance o marcador de energia 3 vezes. Isso cria uma  dinâmica interessante. Você pode escolher cartas mais poderosas mas elas demandarão mais energia, o que torna o seu caminho mais longo. Depois que as ações forem feitas, elas devem ser deslocadas para o espaço à direita. A carta mais a direita volta para a mão. No turno seguinte você poderá colocar cartas no espaço à esquerda, que está vazio, e eventualmente sobre as outras duas cartas que permaneceram. Cartas cobertas não tem qualquer efeito e ficam presas até serem deslizadas para fora. 




A assimetria é outro ponto que me agradou. Você começará com um poder assimétrico e ganhará outros nas duas primeiras vezes que alcançar a demanda de energia. A construção de motor poderia oferecer maior diversidade de opções. 


Um dos pontos que eu não gostei foram as ações. Pareceram-me um tanto simplórias. Você basicamente ganha recursos ou ocupa locais no tabuleiro pessoal em um sistema de controle de área. No final do seu turno você poderá retirar cubos das galáxias, o que produzirá energia. 


De uma forma geral, achei o jogo legal. Vale conhecer, mas nada imprescindível.


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Teremos no DOFF nova edição do Dino Escape, que incluirá uma promo e um bom desconto.

Venha conhecer no estande da TGM. 

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Terminus e a construção de rondel

 

Terminus (Earl Aspiras e Thomas Volpe, 2023)

 

Fomos contratados para construir linhas de metrô e desenvolver os centros comerciais. O tema é especialmente caro para mim, pela minha formação em engenharia de transporte, mas acredito que ele não é muito atrativo para a maioria. De qualquer forma, me parece que o foco está na mecânica e não no tema.

 

fotos retiradas do bgg

É um euro médio pesado, baseado na seleção de ações via rondel e na construção de rotas. A proposta é aparentemente simples. São três eras, em cada uma delas os jogadores darão 3 voltas em um rondel com 6 casas. Cada casa possui 2 ou 3 ações possíveis, algumas das ações podem ser acessadas por mais de uma casa. A maior parte das ações consomem dinheiro ou recursos que são comprados com dinheiro. Assim, é impossível fazer todas as ações, você terá que fazer um bom planejamento para ser bem-sucedido. Para aumentar um pouco mais o peso, uma das ações possíveis é a construção dos centros comerciais que disponibilizam mais uma alternativa de ação forte em determinada casa do rondel. Desta forma, o jogo funciona como uma espécie de construção de rondel.

 


Eu gostei bastante de Terminus. Tem uma boa quantidade de se fazer pontos, a interação é na medida que eu gosto e a aleatoriedade é baixa. A construção em rondel é o ponto forte, na minha opinião. O ponto baixo é uma ação que permite que você compre umas cartas de objetivo e fique com uma. Os objetivos são bem desinteressantes e podem ter ou não sinergia com o seu jogo e a sua estratégia. Eu preferiria que essas cartas não existissem. Terminus não é um jogo para todos, se você errar no planejamento terá poucos resultados e a frustração poderá te pegar. Mas se você gosta de peso, experimente!

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quinta-feira, 6 de abril de 2023

Terra Mystica Age of Innovation é melhor que o original?

Age of Innovation (Helge Ostertag, 2023)

Age of Innovation é o 3º jogo da “saga” Terra Mystica. Agora estamos em um cenário Steam Phunk. O tema continua não sendo o forte do jogo. É bem similar ao Terra Mystica original, diria que uns 80-85% do jogo original permanece. Há, contudo, duas grandes mudanças: facções modulares e as inovações.


Existem duas formas de se construir as facções, mas nos dois casos você terá a combinação de três elementos:

- O tabuleiro de cor que, além do seu terreno “natal”, também trás uma pequena assimetria.


- A facção em si, que confere um poder assimétrico considerável, além do avanço inicial em alguns cultos. Existem 12 facções diferentes.

- O Stronghold (que agora se chama Palace) que lhe dará poderes e rendas quando for construído. Existem 17 tipos, alguns deles bem similares com efeitos já presentes no Terra Mystica original.

Temos assim 7 x 12 x 17 = 1.428 combinações possíveis. Claro que muitas delas bem similares e existem alguns combos que devem se repetir, mas é evidente que temos muitas opções. Eu gostei bastante desta forma de montar a facção. Tem que pensar na estratégia e é bem divertido.

As inovações modificam alguns elementos no jogo. Na preparação você misturará as 12 peças de Competência (antigos favores no TM ou tecnologias no Gaia) e as colocará em um  tabuleiro específico. Nele estão indicadas as quantidades de avanço no “culto” (que agora se chama Disciplica) e a quantidade de livros que você ganhará ao pegar cada Competência. Existem 4 tipos de livros, cada um relacionado a um “culto”. Eles servem para fazer umas ações especiais e, principalmente, para construir as Inovações. Existem 18 Inovações, a quantidade que entra no jogo varia de acordo com o número de jogadores. Elas funcionam como uma espécie de maravilha, só um jogador poderá tê-la. Existem muitos efeitos variados que incluem renda, poderes, pontos imediatos, pontos no final de rodada e construção de prédios. Elas podem ter um impacto bem grande na partida. Eu gostei bastante das Inovações.


Existem outras mudanças que chamam menos a atenção: os favores (Competência) mudaram e a trilha de culto (Disciplina) mudou um pouco, podendo inclusive lhe dar alguma renda.

Eu gostei bastante de Age of Innovation. Tive a oportunidade de participar dos testes, joguei muuuuitas partidas no Board Game Arena e quero jogar mais. Acredito que quem goste da franquia irá gostar deste, principalmente se estiver buscando um pouco mais de peso. Contudo, confesso que fiquei um pouco decepcionado com o fato do jogo ficar demasiadamente próximo de algo que já existe há 11 anos. Age of Innovation é muito mais próximo do Terra Mystica do que o Gaia Project por exemplo. Isso me passou uma sensação de oportunidade perdida, de falta de ousadia.

Com isso tudo, devo esquecer o Terra Mystica original? Eu diria que não por alguns motivos: eu acho que TM original possui facções com assimetrias muito drásticas que proporcionam formas realmente novas de se jogar; soma-se ao fato que esse ano saem 20 raças novas, totalizando um total de 40; sei que sou suspeito, mas não poderia deixar de ressaltar a qualidade das expansões do TM original, elas aprofundam bastante o jogo.

Age of Innovation já foi anunciado pela Grok, virá com o nome Terra Mystica Era da Inovação. Prepara a carteira. :o)

 

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sexta-feira, 24 de março de 2023

Scholars of the South Tigris seguindo a tradição

 


Scholars of the South Tigris (S J Macdonald e Shem Phillips, 2023)


Mais uma vez estamos na Mesopotâmia, mais especificamente no Califado Abássida do século IX. Agora nossa missão é montar grandes bibliotecas.  Precisaremos coletar textos de várias partes do mundo, contratar tradutores e assim produzir as versões em árabe. Eu gostei bastante da temática e da forma que ela é explorada.

 


É um euro médio pesado, provavelmente o mais pesado da dupla neozelandesa. O jogo utiliza a construção de sacola com dados. No início de cada ciclo você pegará um determinado número deles e rolará. A principio você terá muitos dados brancos, mas ao longo do jogo é possível ganhar dados coloridos. Na sua vez você fará uma ação que envolve três escolhas. Primeiro você precisará escolher uma carta. Cada carta determina que tipo de renda você ganhará no final do ciclo. A carta deve ser colocar em algum dos espaços vazios do seu tabuleiro pessoal. 4 desses espaços provocam uma ação específica, um 5º permite escolher entre duas ações e ainda é possível desbloquear ainda um 6º espaço. A terceira decisão que o jogador deverá fazer é escolher quais dados serão utilizados nela. O valor e a cor dos dados influenciam nos efeitos das ações. Há a possibilidade de juntar dados de duas cores primárias para fazer uma ação de cor secundária. Exemplo: Um dado 3 amarelo e um 4 vermelho podem ser utilizados para fazer uma ação 7 laranja. Pode-se ainda utilizar recursos (trabalhadores) para se manipular o valor e a cor dos dados. Caso você não possa ou não queira fazer ações, você poderá encerrar o ciclo, recolhendo as cartas, sorteando novos dados e ganhando a renda de acordo com as cartas colocadas.

 


Eu achei Scholars of the South Tigris um jogo interessante. O processo de decisão de cada ação é bem profundo. A construção do motor via construção de bolsa e avanço em 6 trilhas tecnológicas também é bem legal. Para quem não gosta de aleatoriedade em jogos deste tipo (como eu) deverá se incomodar não apenas com o rolamento dos dados, mas também com o sorteio de algumas cartas. Quem estiver acostumado com os jogos da linha Reino Ocidental e Sul do Tigris e quiser algo um pouco mais pesado deverá gostar deste título.

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