terça-feira, 22 de novembro de 2022

Lacrimosa é uma obra de arte?

 

Lacrimosa (Gerard Ascensi e Ferran Renalias, 2022)

Mozard está morto e deixou a sua derradeira obra inacabada. Somos podres de ricos e, para aliviar a consciência e ainda fazer uma propaganda pessoal, financiamos as artes. Nossa missão aqui é patrocinar a finalização o trabalho do compositor uma última vez. Apesar da ironia do texto, eu gostei do tema e achei que foi implementado satisfatoriamente.


É um euro médio com foco na seleção de ações e no controle de área. A partida tem 5 eras, cada uma com 4 rodadas. Os jogadores começam com o mesmo baralho de 9 cartas, mas com apenas 4 na mão (3 na última rodada de cada era). Na sua vez você selecionará duas cartas para jogar. Em uma delas você acionará a ação, que fica na parte de cima da carta. Na outra você construirá a renda que receberá no final do turno. São cinco ações possíveis: comprar uma nova carta de ação/renda, ao fazer isso você eliminará uma carta, mantendo assim nove cartas no total; comprar uma carta de música; tocar ou vender uma carta de música; refazer as viagens de Mozard pela Europa, o que lhe poderá recursos, efeitos imediatos ou contratos de fim de jogo; e contratar um dos dois compositores para ajudar na obra inacabada. A obra possui 5 partes, cada uma demandando a presença de instrumentos determinados. Ao contribuir você deverá pagar o que o contrato do compositor exige. Isso por si só lhe dará alguma vantagem. No final do jogo verifica-se qual dos dois compositores está mais presente em cada uma das partes da música. Os jogadores que contribuíram com o vencedor ganharão pontos por contribuição feita. O mesmo acontece com que contribuiu para o perdedor, mas em menor escala. 


Eu achei Lacrimosa um jogo honesto. A parte que eu mais gostei foi a seleção de ações e a gestão das cartas na sua mão. O controle de área nas partes da música também é legal. Não vi grandes problemas na restante do jogo, só senti falta de uma construção de motor mais sofisticada. Acho que o vale a pena ser jogado, mas vai sem a expectativa de “hype de Essen” para não se decepcionar.

 

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A Grok anunciou o meu jogo Pantanal. Assine o canal para mais informações. 




sexta-feira, 11 de novembro de 2022

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Delta e a gestão de mão

 

Delta (Franz Couderc, 2023)

Estamos em um cenário steampunk. Exploraremos o delta de um rio que possui animais mecatrônicos e cristais energéticos.


É um euro médio, cuja principal mecânica é a seleção de ações. O jogo possui 6 rodadas. Em cada uma delas os jogadores escolherão 3 cartas da mão, uma para cada região, que também são 3. Os efeitos são muitos, mas envolve construção de motor e maximização de pontos. No final da rodada há uma gestão de mão similar a do Mombasa. Você escolherá uma das 3 colunas de cartas que estão no seu tabuleiro pessoal. Essas colunas são formadas pelas cartas que você gastou na rodada. Além disso, para cada uma das regiões a uma disputa por novas cartas. Há o número de jogadores mais 1 em cada. A escolha é feita de acordo com o prestígio da carta que você utilizou naquela região, em caso de empate, quem jogou primeiro coleta na frente.


Eu gostei de Delta. A gestão de mão é bem legal e a forma de construir o motor e ganhar pontos é engenhosa. Recomendo para quem gosta de um euro médio.

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O Romir fez um excelente vídeo sobre as regras do Dino Escape, dá uma olhada! 





terça-feira, 18 de outubro de 2022

Copan e a ladeira abaixo

 

Copan: Dying City (Eric Dubus e Olivier Melison, 2023)

Estamos na cidade maia de Copan. Somos influentes famílias que estão no comando. Ao contrário do habitual, começamos o jogo no ápice e vamos caminhando para o declínio. Esse aspecto temático me agradou muito, para além do cenário mesoamericano. Gostei de como o tema foi implementado nas mecânicas, que impõe aos jogadores escassez de recursos e diminuição de opções ao longo da partida. 



Trata-se de um euro médio. No seu turno você fará duas coisas. Primeiro colocará uma das peças de geração de recursos na pirâmide. Existe quatro recursos diferentes. Você gerará não apenas de acordo com a peça que colocou, mas também pelas peças adjacentes. Além disso, não alguns locais que se forem alocados geram outros efeitos. A quantidade de recursos gerados é ditada por uma trilha. Inicialmente são 3, mas sempre que uma peça é colocada, a trilha correspondente avança, o que faz com que esse valor diminua, podendo chegar no zero. Nas últimas rodadas é provável que você não consiga produzir recursos dessa forma. A segunda etapa do turno é a seleção de ação. Existem 4 ações diferentes, se você escolher repetir a ação da rodada anterior você ganhará recursos ou pontos de vitória. Há assim um grande incentivo à especialização. O jogo ainda tem uma leve construção de motor e uma pontuação final baseada no avanço em 4 trilhas de pontuação, que reforçam a necessidade de especialização.



Eu gostei de Copan. É bem resolvido no tema e na mecânica. O ponto baixo na minha opinião é a forma como os desastres acontecem. Eles ocorrem quando o marcador na trilha de recursos chega em determinados pontos, o que é legal. Contudo, o efeito do desastre é definido por um rolamento de dado. O desastre incidirá sobre todos os jogadores, mas poderá prejudicar mais os que estão se especializando em determinado caminho. Acredito que seria mais interessante, se os jogadores disputassem esses efeitos. Mas de qualquer forma, não é dada destruidor. Recomendo para quem goste de jogos nessa linha.

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Fiquei muito feliz de ver o Dino Escape entrando na lista de recomendações do Aftermatch no Dia das Crianças. Dá uma olhada:




quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Dino Escape recomendado pelo Aftermatch

 Fiquei muito feliz de ver o Dino Escape entrando na lista de recomendações do Aftermatch no Dia das Crianças. Dá uma olhada:




terça-feira, 11 de outubro de 2022

Ultimate Railroads, falta de tema é um problema?

 

Ultimate Railroads (Helmut Ohley, Leonhard "Lonny" Orgler, 2021)

Nem vou gastar muito tempo explicando as mecânicas, pois já é um jogo bem conhecido. Rapidamente, trata-se de um euro médio pesado de alocação de trabalhadores. As ações fazem com que os jogadores avancem em algumas trilhas, que proporcionam pontos no final de cada fase. Pode parecer simples numa primeira vista, mas tem muitas interações interessantes que podem ser feitas. O volume de pontos gerados cresce bastante a cada rodada, o que dá uma grande satisfação.

Eu já gostava do jogo original e essa versão Ultimate traz muitos módulos que só melhoram a experiência. Em especial gostei das indústrias asiáticas. No jogo original cada jogador possui uma linha industrial própria. Essa versão asiática faz com que os jogadores andem em uma mesma trilha comum, gerando interações bem legais. 


Tematicamente somos, em tese, construtores de linhas ferroviárias. O jogo originalmente era ambientado na Rússia, mas já saíram expansões para redes da Alemanha, Estados Unidos e Ásia. Digo “em tese” pois acredito que o tema seja bem pouco presente neste jogo. Curiosamente, apesar da falta de tema ser sempre comentada pelos jogadores com os quais eu joguei, nunca vi alguém achar isso realmente um problema. Eu particularmente gosto bastante de temas bem desenvolvidos em euros desse peso. Acredito que o tema pode inclusive facilitar o entendimento das mecânicas e a visualização de boas estratégias. Railroads, entretanto, parece ser tão bem resolvido que prescinde de tema. Funciona nesse caso, mas é uma proposta arriscada que funcionará em situações bem específicas. Essa falta de tema te incomoda?

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O canal Um Nerd Raiz fez um vídeo de unbox do Dino Escape. Dá uma olhada.




quinta-feira, 6 de outubro de 2022

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Vinhos, um dos melhores do Lacerda

 

Vinhos (Vital Lacerda, 2010)

Estamos em Portugal e somos fabricantes de vinhos. Precisaremos ao longo de 6 anos comprar vinícolas, armazenar vinhos, gerenciar os nossos recursos financeiros, contratar enólogos e participar de feiras.

O Vital é um dos meus autores favoritos e Vinhos está entre os que eu mais gosto. Seguem alguns pontos que me agradam bastante:


- Seleção de ação: O jogo possui 12 rodadas. Em cada uma delas, os jogadores farão uma ação. As 9 ações estão dispostas em uma grade 3x3. Você iniciará com um peão na casa central. No seu turno você precisará movê-lo. O 1º movimento ortogonal é gratuito, mas você poderá pagar para andar mais um espaço. Ao terminar o movimento em uma casa que tenha o peão de outro jogador, você precisará lhe pagar. O marcador de rodadas também está contido na grade de ações. Terminar a movimentação na casa que o marcador de rodada está fará com que você pague ao banco. É um sistema bem simples, mas que permite decisões e estratégia muito interessantes, além de possibilidade uma interação moderada entre jogadores.

- Banco: é opcional utilizá-lo, mas eu super recomendo jogar com ele. Vinhos possui um dinâmica interessante que diferencia o dinheiro no banco e na mão. Quando está no banco ele poderá inclusive ser investido. Para a maioria de custos, como comprar imóveis, é necessário ter dinheiro vivo (te lembrou alguma família?).

- Pontuação: existem algumas formas de se ganhar bastante pontos: 3 feiras que ocorrem ao longo do jogo; exportando vinhos; acumulando dinheiro no banco; e realizando objetivos específicos que você poderá “comprar” durante e partida. Todos esses caminhos são interessantes e estão interligados com outras dinâmicas.


A única coisa que me incomoda é um sorteio que ocorre no início de cada ano (2 rodadas) definindo o clima (que influência na qualidade dos vinhos) e na demanda dos especialistas. Mas considerando tudo, super indico esse jogo para aqueles que gostam de queimar a mufa.

Ele veio para o Brasil pela Mosaico, mas infelizmente já está esgotado.

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O Canal Jogando Juntos fez um vídeo superlegal sobre Dino Escape. Dá uma olhada.



quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Castell é uma delicinha

 

Castell (Aaron Vanderbeek, 2018)


Estamos na Catalunha, somos organizadores de um grupo de “castell”, ou seja, de pirâmides humanas. Precisaremos recrutar integrantes, treinar e nos apresentar nos festivais para sermos reconhecidos como os melhores. Eu gostei muito deste tema, achei original e cativante.


Trata-se de um euro médio. A partida possui 10 turnos. Na sua vez você poderá fazer até 4 ações em qualquer ordem, mas sem repetir nenhuma. São elas:

- Mover: o mapa possui 7 regiões e o seu grupo vai começar em uma delas. Com essa ação você poderá se mover para uma região adjacente.

- Recrutar: Cada região possui um determinado número de integrantes. Você poderá recrutar quaisquer dois deles.

- Treinar: Cada região possui uma das quatro técnicas que o seu grupo poderá avançar. Cada técnica permite que você construa a sua pirâmide de forma diferente. Assim, se promove uma assimetria construída ao longo do jogo.

- Ação especial: essa é uma ação flexível que possui três efeitos possíveis: mover novamente; recrutar mais um integrante; ao fazer uma apresentação, o que significa completar um dos dois objetivos relacionados a cada região.


No final de cada rodada, a partir da 3ª, haverá um festival em uma ou duas regiões. Só vai competir quem estiver lá. Para performar bem no festival, você terá que fazer uma pirâmide alta e com integrantes de determinado tipo.


Castell me agradou bastante. Muitas formas interessantes de se fazer pontos, assimetria construída, interação entre jogadores na medida e pouca aleatoriedade fizeram com que eu queira jogá-lo mais vezes. Recomendo para quem curte um euro médio.

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O Romir fez um excelente vídeo sobre as regras do Dino Escape, dá uma olhada! 



segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Virtù tem boas ideias, mas...

 

Virtù (Pascal Ribrault, 2022)

Estamos no Renascimento, na Itália. Controlamos uma das poderosas famílias. Precisaremos utilizar nossas forças militares, investir em artes, tramar intrigas entre outros feitos. Achei o tema muito bem implementado.



Trata-se de um euro médio-pesado, com grande interação direta. No seu turno você escolherá uma ação por meio de um rondel pessoal, no qual você alocará cartas com as quais você começa ou compra durante a partida. Essas ações permitem que você: ganhe influência sobre cidades neutras; mova suas tropas no tabuleiro principal; avance em uma trilha de patrono da arte, pagando o que está sendo pedido; colocar uma peça de intriga, que tem múltiplos usos; e “desvirar” cartas utilizadas. No final de cada rodada você poderá comprar cartas e tropas, além de rearrumar as suas cartas no rondel. O jogo possui alguns gatilhos de final de jogo, quem tiver mais pontos de vitória vence. Eles vêm da trilha de arte, das cidades controladas e de algumas cartas compradas. O combate não possui nenhum elemento aleatório, quem tiver mais tropas e bônus vence.

Eu achei Virtù ok. O ponto forte foi o fato de termos formas distintas de pontuar o que abre espaço para diversas estratégias. O ponto fraco, na minha experiência, foi que eu não achei esses caminhos muito interessantes. Na trilha de patrono você precisa entregar dinheiro e alguns símbolos de governo ou igreja. A conquista de cidades também não é nada demais. A compra das cartas foi o que mais me agradou. Também não gostei da rearrumação das cartas no rondel todo turno. Ela consome muito tempo e tem um impacto de curto prazo, já que poderá ser refeita no turno seguinte. No final, não achei um jogo ruim, mas faltou algum refinamento para ficar ansioso para jogar novamente. Talvez a expectativa gerada por resenhas bem positivas pode ter me atrapalhado.

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O Canal Jogando Juntos fez um vídeo superlegal sobre Dino Escape. Dá uma olhada.



 

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Ahoy, o Root do mar calmo

 



Ahoy (Greg Loring-Albright, 2022)


Uma esquadra controlada tubarões está disputando o controle dos mares com a União dos Moluscos, uma aliança de seres subaquáticos que quer retornar ao seu período de glória. Enquanto isso, contrabandistas com seus muitos tentáculos estão procurando as melhores oportunidades de negócios entre as linhas.


 

É um jogo de leve-médio cuja principal característica e a considerável assimetria. Ele mistura o conflito direto típico dos temáticos com uma mecânica um pouco mais sofisticada comum nos euros. Lembra um tanto o Root, que é da mesma editora, mas bem mais leve. No início de cada rodada os jogadores rolarão os seus dados pessoais (4 ou 5, dependendo da facção). Na sua fez, você deverá alocar dois desses dados no seu tabuleiro pessoal, o que ativará ações. As possibilidades de ação também variam de acordo com a facção. Todos podem se mover, o que pode ampliar o mapa via exploração ou gerar combates com outros jogadores (por meio de rolamento de dados e alguma preparação). Os tubarões e os moluscos disputam o controle de cada peça no mapa, o que lhe dá pontos no final de cada rodada. Os contrabandistas (que só entram nas partidas de 3 ou 4 jogadores), vão atrás de pontos via pegar e entregar mercadorias. Todos podem recrutar tripulantes, que são cartas que constroem o seu motor. O jogo termina no turno no qual alguém atingiu os 30 pontos de vitória.

 

Eu acho que Ahoy entrega aquilo que se propõe. Se você quiser algo parecido com a complexidade de Root, acredito que você se decepcionará. Mas esse jogo pode agradar mesas que demandem menos peso e que gostem que jogos temáticos. 


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 O Romir fez um excelente vídeo sobre as regras do Dino Escape, dá uma olhada! 



sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Vendel to Viking e as árvores

 

Vendel to Viking (Jon Manker, 2022)

 E cá estamos mais uma vez na temática viking. Agora liderarmos os povos nórdicos que deram origens aos vikings entre os anos 550 e 800. É um jogo independente, mas se propõe a ser uma “prequência” do Pax Vikings, da mesma editora. Pode-se inclusive utilizar o final da partida de Vendel to Viking na preparação do Pax Vikings.

 


Trata-se de um jogo médio para pesado. Eu diria que é um euro, mas com uma grande interação entre jogadores. A partida tem até 12 rodadas. Em cada uma delas os jogadores farão 4 ações que podem ter os seguintes efeitos: enviar um membro da família para o tabuleiro, o que pode abrir mais um local; ativar um membro da família no tabuleiro, cujos efeitos fariam de acordo com o tipo (guerreiro, construtor de navio, construtor de alojamento, comerciante, líder e vidente); investir em um membro. Neste último caso, você poderá comprar uma carta cuja localidade você esteja controlando e que haja um membro da família do mesmo tipo no local. A carta vem para o seu tabuleiro pessoal onde você ganhará um efeito imediato. O membro familiar vai para um tabuleiro de feitos que funciona mais ou menos como uma árvore de tecnologia. Nele você ganhará troféus se for o primeiro a chegar em certos locais. Esses troféus são uma boa fonte de pontos. Cumprir missões (você começa o jogo com 4) e controla territórios no final da partida também pontuam.

 


Eu achei Vendel to Viking um jogo interessante. A alta interação, que normalmente me incomoda, não foi um problema na minha única partida. O ponto baixo para mim é a forma que as cartas entram no jogo. Quando uma das cartas abertas é compara outra vem de um baralho com mais de 100 cartas. Ocorre que para subir bem no tabuleiro de feitos, você precisará investir em certos membros específicos. Pode acontecer desse tipo demorar muito para aparecer, o que é bem frustrante. O ponto que eu mais gostei foi o tabuleiro de recompensas. Planejar por onde subir gera umas decisões interessantes, pena que isso fique prejudicado pela caça às cartas. A árvore familiar no tabuleiro pessoal me chamou a atenção tematicamente, mas achei subaproveitado na mecânica.  


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O Canal Jogando Juntos fez um vídeo superlegal sobre Dino Escape. Dá uma olhada.







quinta-feira, 11 de agosto de 2022

quinta-feira, 28 de julho de 2022

O que falta em Northgard para ser um bom 4x?

 

Northgard: Uncharted Lands (Adrian Dinu, 2022)


Somos chefes de clãs vikings. Estamos desbravando um novo território e o disputando na base do machado. Eu acho esse tema um tanto batido, existem 290 entradas no BGG com ele. Contudo, acho que ele está bem atrelados às mecânicas e à proposta do jogo.

 


É um jogo temático 4X, ou seja, um jogo de “civilização” no qual você eXplora, eXpande, eXtrai e eXtermina, baseado na construção de baralho. Todos os jogadores começam com 6 cartas iguais. Uma de cada ação básica (explorar, mover, construir ou recrutar) e dois curingas. Além disso, há um poder permanente assimétrico e uma carta inicial única para cada clã. A partida se desenvolve em um tabuleiro que começa a ser construído na preparação, mas segue crescendo ao longo do jogo. Ele é composto por peças quadradas que possuem fronteiras, recursos e locais onde se pode construir prédios. A fronteiras formam reinos que poderão ter 2 ou mais peças. Cada reino só comporta as unidades de um jogador. Quando há unidade de mais de um jogador no mesmo reino ocorre um combate, que possui uma aleatoriedade bem sutil. No seu turno você normalmente jogará uma carta e fará a ação correspondente. Há outras opções, que inclusive permitem que você gaste recursos para pegar novas cartas melhoradas exclusivas do seu clã, mas elas são pouco usadas. O vencedor será aquele que dominar 3 territórios com construções grandes no final do turno. Se isso não ocorrer até o final do 12º turno, quem tiver mais ponto de vitória ganha.

 


Acredito que Northgard entrega tudo que os jogadores de 4x procuram. Todos os “Xs” estão bem presentes e são relevantes no jogo. Acho que o único problema foi eu. A aleatoriedade normalmente intrínseca a essa tipologia não me agrada, assim como a imensa interação destrutiva entre jogadores. Jogamos com um módulo que acrescenta os animais e monstros durante a exploração, que é extremamente aleatório. Não recomendo utilizá-lo. Contudo, acredito que Northgard agradará o público que gosta de 4x. Você gosta deste tipo de jogo? Qual o seu favorito?


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O Canal Jogando Juntos fez uma resenha superlegal sobre Dino Escape. Dá uma olhada.

 


https://ludopedia.com.br/topico/60702/dino-scape-review


sexta-feira, 22 de julho de 2022

Terracotta Army, beleza ou profundidade?

 

Terracotta Army (Przemysław Fornal, Adam Kwapiński, 2022)

 

Estamos na China da Antiguidade. O Imperador Qin Shi Huang faleceu e agora estamos encarregados em construir um exército de leais guerreiros para proteger a sua tumba. Eu gostei da escolha do tema e da forma que ele é tratado. As miniaturas do exército são muito bonitas e certamente trazem uma grande presença de mesa.

 


O jogo é um euro médio pesado, baseado na alocação de trabalhadores e no controle de área. Existe um mecanismo composto por 3 círculos, cada um deles com 12 ações possíveis (algumas se repetem). No seu turno, você colocará um trabalhador em uma das 12 seções envolta desse mecanismo. Assim, você realizará as 3 ações que estão na referida seção. Há a possibilidade de se pagar 2 moedas para girar um dos círculos alterando todas as combinações de ações. Essas ações basicamente lhe darão recursos e a possibilidade de usá-los na construção de estátuas, além de uma leve construção de motor. Existem dois tipos de estátuas. Na maior parte das vezes serão construídas estátuas de guerreiros, que pertencem ao jogador que a construiu e influenciarão no controle de área. Mas existem também as auxiliares (não lembro exatamente do nome) que alteram algo em uma estátua sua ou produzem novas oportunidades de geração de pontos. Aliás, existem outras formas de obtenção de pontos. Cada uma das cinco rodadas possuem um critério de pontuação estabelecido na preparação. Existem dois inspetores (que são manipuláveis pelas ações) que geram pontos em determinada linha ou coluna no final de cada rodada. No final do jogo, cada grupo de estátuas do mesmo tipo adjacentes gera mais uma possibilidade de pontuação.

 


Eu gostei de Terracotta Army. A seleção de ações é bem interessante, assim como a escolha da localização e tipo de estátua. A pontuação possui muitos fatores e saber a forma de maximizá-la não é nada elementar. Eu só fiquei com a sensação que a construção de motor poderia ser um pouco mais sofisticada. De qualquer forma, recomendo que conheçam esse jogo, ele conjuga bem beleza e profundidade.  

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 O Romir fez um excelente vídeo sobre as regras do Dino Escape, dá uma olhada! 




quinta-feira, 14 de julho de 2022

Oranienburger Kanal, Uwe Rosenberg e seus exclusivos para 2


 Oranienburger Kanal (Uwe Rosenberg, 2022)

Estamos em Brandemburgo, na Alemanha do século XIX. Precisaremos construir infraestrutura (estradas, ferrovias e canais) para instalar fábricas e assim ser o melhor empreendedor da região. Acho o tema um tanto batido, mas não atrapalha o jogo.



É um euro médio, com seleção de ações e construção de tabuleiro, exclusivo para dois jogadores. Existem 7 ações possíveis. 3 delas geram recursos e 4 são para a construção de prédios e/ou infraestrutura. Os prédios podem ser ativados em dois momentos: quando estiver cercado por vias e quando a 2ª ponte for colocada nele. Pontes podem ser construídas sobre as vias, ligando dois prédios. Em cada turno os jogadores escolherem alternativamente 5 ações diferentes. O jogo termina na rodada em que as pilhas de prédios acabarem. Os pontos vêm dos prédios e vias construídas, dos recursos que sobraram e também podem ser ganhos durante a partida. Existe um número gigantesco de cartas de prédio mas poucas entram em jogo. Isso é interessante no que diz respeita a rejogabilidade, mas impede uma estratégia de longo prazo.



Eu gostei de Oranienburger Kanal, mesmo não conseguindo pronunciar o seu nome corretamente. Ele é bem gostoso de jogar, simples e desafiador. O que me incomodou foi o fato dele receber no máximo 2 jogadores. Parece-me evidente que não seria difícil ou custoso ampliar para 4 pessoas. O próprio Uwe já fez isso em Fields of Arle, que chegou a receber uma expansão que introduzia o 3º jogador. Eu realmente não gosto disso, mas esse jogo pode ser uma boa opção para casais. Ele será lançado pela Spielworxx, acredito que dificilmente venha para o Brasil.

Qual a sua opinião sobre jogos exclusivos para 2 pessoas?

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 O Romir fez um excelente vídeo sobre as regras do Dino Escape, dá uma olhada! 




quarta-feira, 6 de julho de 2022

Cyberpunk 2077 tem muito bug?

 


Cyberpunk 2077: Gangs of Night City

(Andrea Chiarvesio, Eric M. Lang, Alexio Schneeberger, Francesco Rugerfred Sedda,2023)

Em um futuro não muito distante, gangues lutam pelo controle de Night City. Você precisará lutar no mundo físico e virtual para conquistar a cidade.

O jogo fica no meio termo entre o temático e o estratégico, tal como outros jogos de Eric Lang. Suas principais mecânicas são seleção de ação e controle de área. No seu turno você fará até duas ações, utilizando uma das 6 peças de ação pessoais. Existem 5 ações básicas e uma coringa. Essas ações permitem que você ganhe novas peças, movas as suas peças, cumpra contratos públicos, construa esconderijos, melhore suas cartas de combate ou avance na trilha virtual. Alternativamente, você poderá não fazer ações para recuperar as peças de ação, ganhar renda de acordo com a sua presença ou dominância nos territórios e recrute peças onde houver esconderijo.


O ponto mais fraco na minha opinião é o combate. Cada jogador começa com as mesmas cartas de combate, mas elas podem ser substituídas por melhores. Quando um combate ocorre, cada jogador escolhe uma carta e quem tiver a maior leva (algumas facções têm poderes assimétricos que atuam no combate). As cartas também têm outros efeitos. Em tese, quão maior o valor da carta, pior o seu efeito assessório. Contudo, fiquei com a impressão de ter cartas bem melhores que outras.

O ponto que eu mais gostei foi a história. A que eu joguei possuía 3 arcos. No início do jogo o enredo é apresentado, bem como duas possibilidades de desfecho do 1º ato. Esses caminhos levam para situações distintas para o arco seguinte. No arco final os jogadores tinham construído uma certa assimetria pelo que ocorreu na história. Achei essa dinâmica bem interessante, abre a possibilidade para infinitas histórias oficiais ou feitas por fãs. Há a possibilidade de jogar sem história no jogo introdutório. Não recomendo que tentem desta forma.


No compito geral, creio que esse jogo não é para quem esteja à procura de grandes estratégias. Ele deve funcionar para quem goste de jogos temáticas, especialmente para quem tenha jogado o jogo eletrônico (o que não é o meu caso). Eu me diverti e fiquei com vontade de conhecer as outras histórias.

 

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Meu próximo jogo foi anunciado pela TGM, será o Ice Escape. Em breve mais informações.




sábado, 25 de junho de 2022

Corduta 27 AC e a minha implicância com o semicooperativo

 

Corduta 27 AC (Manuel Martinez Aranda, 2021)

Estamos no Império Romano, século I AC, logo após a guerra civil entre Cesar e Pompeu. Somos famílias influentes da Ibéria, fomos designados para reconstruir Córdoba. Precisaremos construir prédios, recrutar trabalhadores e manter o povo sob controle.

É um jogo médio pesado, cuja principal mecânica é a alocação de trabalhadores. Inicialmente há apenas ações para gerar recursos, mas nós construiremos prédios nos três bairros da cidade. Ao fazer isso você subirá na trilha do bairro que você construiu, o que gerará efeitos diversos. Esses prédios não têm dono, eles proporcionarão uma ação que pode ser ativada por trabalhadores. É um jogo com muitos poucos pontos. Há 5 objetivos que darão um ponto para quem o completar primeiro. No final de cada era há uma disputa por quem supre Roma com a demanda da vez, que dá um ponto, mais um para quem estiver na frente em cada uma das trilhas.


Até aqui eu achei esse um jogo muito bom, é um queima mufa interessante, mas ele tem algumas coisas que me incomodaram. O fato dele ter poucos pontos para o final faz com que seja relativamente previsível se um jogador disparar na metade do jogo. Acho que para resolver isso, foi colocado uma mecânica semicooperativa. Temos que manter nossa população feliz. Deixá-la infeliz é muito ruim para o jogador, mas se o descontentamento se espalhar há uma revolta e todos perdem. Assim, se você tiver muito atrás pode jogar para que não haja nenhum vencedor. Acredito que funciona para aquilo que se propõe. Isso ocorreu na partida que eu joguei e para mim foi bem anticlimático jogar pela derrocada geral.

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Meu próximo jogo foi anunciado pela @tgm_editora, será o Ice Escape. Em breve mais informações.



sexta-feira, 10 de junho de 2022

Space Station Phoenix e a destruição de motor

 


Space Station Phoenix (Gabriel J. Cohn, 2022)


Em um future distante a humanidade nos enviou com uma frota para o espaço profundo. Nossa missão é construir a melhor estação espacial, que servirá para receber humanos e alienígenas. O problema é a escassez de minérios. Precisaremos destruir as nossas naves para conseguir os metais que tanto necessitamos.


Em termos gerais é um euro médio. Contudo, a definição estratégica no início da partida pode ser um tanto pesada, principalmente nas primeiras partidas. Todos os jogadores começam com um núcleo de estação (que é um poder assimétrico), com as mesmas 5 naves básicas e mais 4 que serão escolhidas na preparação. Cada uma das naves proporciona uma ação diferente e possui um custo de ativação. Na sua fez você ativará uma nave ainda não ativada. Você poderá utilizar de outros jogadores, mas precisará pagar uma taxa para ele, além da ativação. Ao invés de acionar uma nave, você poderá “descansar”. Neste caso, você receberá a sua renda e suas naves voltarão a ficar disponíveis.

O principal objetivo do jogo é a construção das partes da estação. Existem 3 tipos de setor, você poderá construir um de cada. Cada nível tem 3 níveis. Para cada combinação de nível-tipo haverá um número determinado de peças assimétricas. Assim, na medida que você vai construindo e povoando a estação, você irá ganhar poderes únicos, construindo desta forma o seu motor. Por outro lado, você inevitavelmente terá que depenar as suas naves, o que diminui as suas possibilidades de ação, ou seja, você também destruirá o seu motor.


Eu gostei de Space Station Phoenix. Vejo que ele exige estratégia e tática, sem demandar muito tempo de jogo. A sorte tem algum peso, mas é limitado. Quando você utiliza a nave de exploração você rola uma certa quantidade de dados e escolhe alguns deles. A rejogabilidade é impressionante, o jogo possui 24 poderes assimétricos iniciais e não sei quantas peças possíveis de cada setor. Só joguei uma vez, mas acredito haver muitas estratégias válidas. Recomendo conhecerem.

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 O Romir fez um excelente vídeo sobre as regras do Dino Escape, dá uma olhada!  



quarta-feira, 1 de junho de 2022

Link - Arquitetura no Brasil (meu protótipo)

 


Link é um jogo leve de seleção de cartas e construção de tableau. Ele pode possuir qualquer tema, o protótipo inicial é sobre o patrimônio arquitetônico brasileiro. Cada carta corresponde a uma construção feita no Brasil. Ela terá 3 características: quando foi feita, onde foi feita e que tipo de construção ela é. Além disso, ela traz um critério de pontuação de final de jogo. Depois de 12 rodadas verifica-se a pontuação de cada carta e quem tiver mais pontos leva.

 


Componentes: 64 cartas

Jogadores: 2 a 4

Duração: 15 min

Idade: 10+

 

Vídeo


 

Regras

https://drive.google.com/file/d/11CHandVKClKbsgM50fF7B9JzI6s2EOCb/view?usp=sharing


Tabletop Simulator

https://steamcommunity.com/sharedfiles/filedetails/?id=2810807710